Celso Antunes
Fiz Geografia e depois o mestrado em Educação, dei aula em toda parte e para toda gente, virei o mundo atrás de escola e professor e depois escrevi livros didáticos e um montão de outros destinados a professores e pais, professoras e mães ou ao contrário. Fiz palestras em escolas, teatros, boates, igrejas, churrascaria e praça pública, tive um montão de livros traduzidos no exterior. Já estive em tudo quanto é lugar, jamais recusei convite, viajei até em carroça e para minha felicidade hoje estou aqui com vocês. Celso, nascido em São Paulo e na infância passou dificuldades na qual o fez comer terra, ter lombrigas, inventoi mistura de sal, fermento e açúcar, esfreguei bicarbonato nos dentes e grudou esparadrapo para estreitar as orelhas. Roubou guaraná, escondi bilhete em garrafa, brincou com fogo e molhou a cama, correu e escondeu – se fingindo serbandido, empinou papagaio, joguei bolinha, enterrei garrafa com casca de abacaxi, fui picado de marimbondo, amarrei lata em rabo de gato, tive sarampo, caxumba, fui internado com crupe, corri de vaca braba, espiei no buraco da fechadura. Fuji de casa por meia hora e voltei, apanhei e fui dormir com fome. Construí caçambas com lata de óleo, caí de árvore, quebrei o braço, comi manga e tomei leite e fiquei com dor de barriga, contei estrelas e choquei para-choque de caminhão. Joguei bola na rua, colei na escola, fui campeão de botão, roubei beijo envergonhado, segurei vela. Aprendi a ler, chupei cana e assobiei ao mesmo tempo, fumei cigarro de chuchu, assisti seriado do Tarzan, ri muito com Carlitos, armei arapucas, fiz coisa feia e fiquei com medo da confissão, acordei com pijama molhado e escondi embaixo do colchão, tive espinhas no rosto e calos na mão, tirei cavalinho da chuva, fui carteiro e virei homem.
educador brasileiro ‘Em educação a teoria é apenas uma semente, a prática é o fruto.’